Homens e mulheres têm diversas diferenças biológicas, e é por isso que o corpo de cada um reage de forma diferente a estímulos, remédios e tratamentos médicos. Apesar da maioria das pessoas já saberem disso, a medicina recentemente tem focado sua atenção a essas diferentes reações com certos tipos de medicamentos.
Neste texto, vamos mostrar o desenvolvimento dos medicamentos divididos por gênero, masculino e feminino, e mostrar os mais indicados para cada um. Também fizemos uma lista dos 9 remédios mais comuns que causam diferentes efeitos em homens e mulheres.
Como a medicina evoluiu sobre o assunto
Por muitos anos, as pesquisas científicas focaram as pesquisas majoritariamente no sexo masculino. Alguns dos motivos alegados eram proteger as mulheres em períodos de gravidez, ou não realizar pesquisas durante o ciclo menstrual, pois o organismo feminino passa por muitas mudanças hormonais durante esse processo. Um grande erro, pois os testes devem ser realizados inclusive nessa pela qual todas as mulheres passam.
Isso começou a mudar durante a década de 1970, mas somente nos anos 1990 que esse assunto ganhou mais atenção. Quando eram feitas pesquisas de doenças relacionadas a mulheres, como câncer de mama e osteoporose, homens não eram incluídos nos experimentos, o que também ocasionou problemas, pois dificultou as pesquisas de cura de outros tipo de câncer em ambos os gêneros, e até mesmo a osteoporose que, embora pouco comum, também atinge o sexo masculino. E apesar de tudo isso ter ocorrido, atualmente cerca de dois terços dos estudos e medicamentos ainda são baseados em experimentos feitos apenas em homens.
Mas a ciência tem evoluído em relação ao assunto. Um estudo publicado em 2001 descobriu que 11% dos casos em que mulheres foram hospitalizadas ocorreram por causa de medicação errada ou inaquedada. Outro estudo mostrou que as mulheres têm muito mais efeitos colaterais que os homens, entre 50 e 70%.
Por que homens e mulheres têm diferentes reações
Há uma série de fatores que explica o porquê disso acontecer. Veja:
1. Anatomia e estrutura corporal
Ainda que mulheres sejam fisicamente menores que homens, é indicada a elas a mesma dosagem, o que resulta em uma alta concentração do medicamento no organismo, e por isso o corpo reage de forma diferente. Por causa disso, mulheres podem ser mais sensíveis a certas medicações.
2. Como cada organismo absorve o medicamento
O rim tem a importante tarefa de filtrar toxinas e excesso de medicamentos no corpo. Em mulheres mais velhas, porém, o rim funciona mais lentamente com o passar dos anos, embora também ocorra em homens, mas com menor frequência. Embora seja um processo natural em ambos os sexos, é mais comum que as mulheres concentrem mais toxinas e medicamentos nos rins, que ficam ali concentrados por longos períodos. Além disso, outras funções do organismo, como enzimas do estômago e o funcionamento do fígado, também ajudam a remover essas toxinas, mas, assim como os rins, também atuam diferente entre homens e mulheres.
3. Acidez do estômago
O sistema digestivo também é diferente entre homens e mulheres, e por isso medicações orais atuam distintivamente. A acidez estomacal em mulheres é menor, assim como a digestão, que é mais rápida. Por esse motivo, o estômago absorve esses remédios por longo tempo, o que ocorre menos em homens.
Medicamentos e reações entre os gêneros
1. Antidepressivos
A serotonina é uma substância química eficaz no tratamento da depressão, mas a produção no organismo feminino é menor. Por isso, antidepressivos à base de serotonina são mais eficazes em mulheres do que homens, que reagem melhor à imipramina, um antidepressivo tricíclico.
2. Diazepam
Normalmente usado como calmante e para amenizar ansiedade, esta medicação é normalmente prescrita em mesma dosagem para ambos os sexos, embora atue mais rápido em mulheres, o que reduz sua eficácia. O motivo é que o nível de estrogênio no organismo feminino afeta uma enzima chamada A43, que dificulta a absorção do diazepam. Por esse motivo, a dosagem prescrita para mulheres é maior do que para homens.
3. Pílulas contra insônia à base de zolpidem
Muitas mulheres que usaram pílulas para dormir à base de zolpidem tiveram fortes efeitos colaterais, como pesadelos, dificuldade para acordar e dores de cabeça, entre outros. Em 2013, o Food and Drug Administration, órgão que controla alimentos e medicações nos Estados Unidos, instruiu as mulheres a reduzirem a dosagem pela metade, pois o organismo feminino processa a droga de forma mais lenta, tornando-a mais eficaz. Outro grave efeito colateral é que o uso de zolpidem aumenta o risco de acidentes de carro, no caso de mulheres que dirigem.
4. Pílulas à base de estatina para combater colesterol
A estatina é comumente usada para o tratamento de colesterol e como preventivo contra problemas na artéria coronária, embora esse medicamento tenha sido testado apenas em homens. Estudos mais recentes mostram que, embora a estatina diminua o risco de infartos em homem, não oferece a mesma proteção para mulheres, mesmo comparado em pessoas de ambos os sexos com histórico de problemas cardíacos.
5. Losartan para pressão alta
Enquanto a enzima A43 diminui a eficácia de outros medicamentos no organismo feminino, pode ocorrer o contrário em caso de overdose. Mulheres com pressão alta que utilizaram alta dosagem de losartan tiveram benefícios muito maiores comparados aos homens que ingerirem a mesma quantidade, cuja pressão arterial chegou a níveis baixíssimos.
6. Aspirina
Muitas mulheres tomam aspirina todos os dias para evitar problemas cardiovasculares, embora a medicação seja mais eficaz em homens para este problema. Por esse motivo, médicos normalmente prescrevem dosagem dobrada a mulheres. No entanto, recentes estudos científicos descobriram que a aspirina protege muito mais as mulheres do que homens contra infarto e doenças coronárias.
7. Anestésicos
O número de pessoas que acordam durante uma cirurgia é muito baixo. Porém, quando isso ocorre, atinge três vezes mais mulheres do que homens. Um recente estudo sobre o assunto mostrou que cada sexo reage de forme diferente aos anestésicos por causa da distribuição de gordura no corpo, que difere entre os gêneros. Por esse motivo, anestésicos solúveis em gordura, como o Propofol, são mais eficazes em homens, enquanto os solúveis em água agem melhor em mulheres.
8. Analgésicos
Todos nós sabemos que a sensibilidade à dor difere entre homens e mulheres, mas foram os poucas as pesquisas que abordaram o funcionamento de analgésicos para cada gênero, o que pode ser preocupante, pois está diretamente relacionado à eficácia e – o que é mais grave – o risco de dependência. Em um dos poucos estudos a respeito, foi descoberto que o efeito de analgésicos à base de opiáceo (proveniente do ópio) é maior em mulheres. Portanto, elas precisam de uma dosagem menor, entre 30% e 40%. Por outro lado, homens reagem melhor com o uso de anti-inflamatórios não esteroides.
9. Remédios para epilepsia
A mudança de hormônios durante o ciclo menstrual tem impacto significativo na eficácia dessa medicação. Por exemplo, a progesterona pode acelerar o processo de remover medicamentos e substâncias do organismo. Esse hormônio pode causar uma série de convulsões em mulheres que sofrem de epilepsia no período pré-menstrual, comprovado inclusive por pacientes que relataram ter tido mais convulsões antes de menstruar. Os médicos usualmente mudam a medicação ou a dosagem.
Conforme citado no início deste texto, o mais importante é estar ciente e sempre verificar qual tipo de remédio você costuma utilizar. Evite a automedicação e sempre consulte um médico. Pergunte sobre a dosagem ideal, faixa etária, peso, além do medicamento ideal de acordo com seu histórico de saúde.