A raiva é uma emoção freqüentemente mal compreendida. É comum acreditar que a raiva é destrutiva ou que é resultado de uma atitude ruim, mas a verdade é mais complicada do que isso. A raiva não é apenas humana, é também uma função necessária. Quando administrada corretamente, pode até produzir alguns resultados positivos. Aceitar que a raiva faz parte da vida e saber sua verdadeira natureza é a chave para usar essa emoção inevitável com eficácia.
Os seguintes fatos sobre a raiva podem mudar seu ponto de vista sobre essa emoção incompreendida.
Um dos equívocos mais comuns sobre a raiva é o de que sentir raiva é ruim. Os fatos são bem diferentes, pois a raiva é uma emoção importante que existe para nos alertar de que algo está errado. Adultos e crianças experimentam a raiva de maneiras diferentes. As crianças, em sua maioria, sentem a raiva como frustração. Por exemplo, elas ficarão com raiva quando não puderem ter algo que desejam, quando desejam.
Os adultos, por outro lado, ficam com raiva quando se sentem fora de controle. A raiva em si não é uma emoção ruim ou perigosa, desde que você a enfrente e entenda os problemas subjacentes que ela está tentando localizar. No final do dia, a raiva pode nos motivar a reagir a confrontos, injustiças e outros problemas. Descobrir por que sentimos raiva é o primeiro passo para colher os benefícios dessa emoção.
Já que estamos no tópico de benefícios, uma das maiores vantagens da raiva é que ela é uma força motivadora. Em geral, expressar raiva está relacionado à agressividade. No entanto, a raiva pode ser expressa de diversas maneiras. Embora a agressividade seja uma delas, o mesmo ocorre com a assertividade e a solução de problemas.
De acordo com a Psychology Today, imagens cerebrais mostram que a raiva ativa significativamente o córtex anterior esquerdo, o que está associado a comportamentos de abordagem positivos. Além disso, estudos têm mostrado uma ativação predominante do lado esquerdo do cérebro quando sujeitos com raiva percebem que podem melhorar as coisas. "Esperar ser capaz de agir para resolver o evento que está causando a raiva deve produzir uma maior intensidade de motivação em foco", explicou o psicólogo social Charles Carver, da Universidade de Miami.
A raiva é uma emoção que se manifesta por meio de fortes sensações físicas: músculos tensos, dentes cerrados, batimento cardíaco acelerado e palmas das mãos suadas. A raiva desencadeia a reação de luta ou fuga no corpo, assim como o medo, a excitação e a ansiedade. As glândulas adrenais inundam o corpo com hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol. O cérebro então desvia sangue para os músculos em preparação para o esforço físico.
Essas reações físicas podem nos fazer sentir que a raiva está nos controlando, mas tentar resistir a elas só vai piorar as coisas. De acordo com especialistas em saúde mental, o melhor curso de ação é permitir-se sentir plenamente o que está presente. Apoiar-se nesses sentimentos e expressar sua raiva, em vez de tentar escondê-la, acalmará seu sistema nervoso mais rápido.
Embora expressar construtivamente sua raiva seja fisicamente benéfico, atacar não é. Os problemas de controle da raiva e as explosões de fúria podem ter consequências danosas e até perigosas. A raiva é mais prejudicial fisicamente à saúde do coração. Um estudo publicado no European Heart Journal descobriu que o risco de um ataque cardíaco dobra dentro de duas horas de uma explosão de raiva, e também o risco de um derrame. Outro estudo descobriu que pessoas propensas à raiva como um traço de personalidade tinham duas vezes mais risco de doenças coronárias do que seus colegas menos irritados.
A boa notícia é que você pode aprender a controlar essas explosões violentas. A respiração profunda e as habilidades de comunicação assertiva são duas ferramentas úteis quando você sente que está prestes a perder a paciência. Você pode até precisar mudar de ambiente, levantando-se e indo embora.
Esforçar-se para sempre dar o seu melhor é uma coisa, mas acreditar que você precisa ser perfeito é outra totalmente diferente. Alguns aspectos do perfeccionismo nos ajudam a caminhar em direção ao sucesso, mas essa característica também tem um lado negativo. Nas últimas duas décadas, houve um aumento no número de estudos que exploram a relação entre perfeccionismo e raiva.
Um desses estudos descobriu que o perfeccionismo autodirigido está associado à raiva e frustração consigo mesmo, enquanto o perfeccionismo prescrito socialmente está relacionado à raiva dirigida aos outros. Aprender a substituir a autocrítica pela compaixão e permitir a imperfeição é um processo longo, mas definitivamente, vale o tempo e o esforço.
Conforme estabelecido, sentir raiva é normal e saudável. No entanto, expressá-lo por meio da agressividade, não. Se a violência só traz resultados negativos, por que é a reação padrão à raiva? A sociedade moderna herdou essa tendência de seu passado antigo. A agressividade ajudou os ancestrais a sobreviver e se reproduzir. Até cerca de 12.000 anos atrás, todos os humanos viviam como caçadores-coletores.
Pesquisas feitas por antropólogos que vivem com tribos de caçadores-coletores descobriram que homens caçadores-coletores que cometeram atos de homicídio tinham mais filhos, pois tinham maior probabilidade de sobreviver. Mais recentemente, os cientistas conseguiram encontrar uma ligação entre a agressão e um gene específico, a monoamina oxidase A, ou MAOA, demonstrando, sem sombra de dúvida, que a agressividade é herdada.
O humor e o riso se mostraram repetidamente ferramentas poderosas para reduzir os níveis de estresse e dissolver a raiva. Quase por definição, o humor representa uma maneira diferente de perceber as coisas. Uma piada ou risada compartilhada pode aliviar o fardo da raiva, porque de repente você vê o problema de uma perspectiva completamente diferente. O momento em que nossa percepção fundamental de algo muda é chamado de mudança cognitiva. Pode fazer uma situação frustrante parecer boba e menos significativa.
No entanto, uma advertência importante é que o humor é eficaz para dissipar a raiva ao abordar uma situação e não uma pessoa. Sobre esse mesmo assunto, leia também nosso artigo: 9 Lições importantes para lidar com a raiva.
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